quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Nórdicos - Ganhe no norte da Europa

As economias do norte da Europa estão mais sólidas e com melhores perspectivas de crescimento, numa altura em que se mantêm as preocupações sobre a saúde das contas públicas dos países periféricos.
Na Europa, emergem actualmente dois cenários distintos. Entre o norte e o sul do continente, as realidades são distintas. Às dificuldades enfrentadas pelos países periféricos opõem-se as oportunidades que surgem nos nórdicos. Os especialistas acreditam no potencial do investimento em países como a Suécia e a Noruega e os argumentos são diversos.

A deterioração das contas públicas de países do sul da Europa, como Portugal e Espanha, são o ponto de partida para que um cada vez maior número de especialistas defenda um novo olhar sobre a região norte. Estes países apresentam finanças públicas mais saneadas, um crescimento mais saudável e mais dinamismo nos seus mercados.

"Pensamos que há fortes razões para preferir a região nórdica", em detrimento dos países do sul da Europa, explicou ao Negócios Roger Wessman. O director do "research" da Nordea Markets destaca que a principal diferença destes países face à maioria das economias do sul do continente "é que as economias nórdicas não têm vivido acima dos seus meios". Desta forma, ao contrário dos países ditos periféricos, nesta região, as contas saldam-se em défices reduzidos ou mesmo excedentes, como nos casos da Noruega e Suécia.

Em consequência da menor pressão destes países, este ano, o desempenho das bolsas supera largamente o das praças de referência do Velho Continente. O índice europeu de referência, o Stoxx 600, soma 3,3%, desde o início do ano, uma subida inferior ao ganho de 5,3% da praça de Oslo e também ao avanço de 14% do índice de Estocolmo.

Um comportamento que deverá manter-se nos próximos meses, uma vez que "estes países, como esperado pelas estimativas da OCDE, terão uma recuperação da crise anterior do que outros mercados europeus", considera Nils Francke, gestor do fundo "Pictet European Corto". Para este especialista, os países nórdicos apresentam economias flexíveis e com sectores produtivos.

Entre os activos que se podem assumir como mais atractivos nesta região, Tanguy Le Saout, responsável pela área de obrigações do Estado, e Andrew Arbuthnott, responsável pela área de acções europeias da Pioneer Investments, apontam as obrigações dos bancos desta região emitidas em euros. "O sector financeiro é muito sólido e provou ser muito resiliente à volatilidade da exposição báltica", acrescentaram os especialistas da Pioneer.

Já Roger Wessman ressalva que, no investimento nesta região, prefere obrigações de empresas, que "proporcionam um potencial de subida dos juros simpático comparado com as obrigações dos Estados", e também as acções "que estão ainda avaliadas de forma muito razoável, especialmente considerando o baixo nível de taxas de juro de referência".

O rumo do preço do dinheiro é, aliás, segundo o especialista da Nordea Markets, um dos aspectos a ter em conta no investimento em activos desta região. "Os bancos centrais sueco e norueguês já começaram a subir as taxas de juro, o que pode ter um impacto de moderação nas economias, mas o ritmo de subidas deverá continuar lento o suficiente para não parar a recuperação económica". Outro factor importante são as perspectivas para a economia mundial, uma vez que as economias nórdicas são "muito abertas" e apresentam muitas empresas
presentes em vários mercados.*comPA

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